top of page

TDAH - IMPULSIVO/HIPERATIVO

Neste artigo vamos falar um pouco sobre os comportamentos característicos da pessoa que apresenta o TDAH predominantemente impulsivo/hiperativo. Como já dissemos, atualmente evita-se falar sobre tipos desatento e impulsivo/hiperativo, uma vez que a hiperatividade está sempre presente mentalmente, mesmo que a pessoa não apresente agitação motora.

O TDAH se apresenta cedo na vida das pessoas, mas para ser diagnosticado é necessário que os sintomas estejam presentes antes dos 12 anos e que se manifestem em mais de um ambiente (casa e escola, casa e trabalho).

Sabe-se que é comum as crianças pequenas serem agitadas, gostarem de correr e fazer algazarras. Então como saber se o comportamento que a criança apresenta é normal ou caracteriza o TDAH? Pela intensidade, frequência e constância desses comportamentos. A criança que não é TDAH consegue conter esses comportamentos quando necessário ou quando um adulto solicita uma mudança de seu comportamento. Já o TDAH não consegue. Não é que ele esteja desafiando ou desobedecendo aos pais ou aos professores, é que ele, de fato, não consegue. Ele tenta parar, mas logo retorna ao comportamento agitado.

A professora logo vai notar aquela criança que pula e corre o tempo todo pela sala de aula. Ela é inquieta e não para um instante. Mesmo quando se consegue fazê-la sentar por um instante, ainda assim, ela fala o tempo todo, se remexe na cadeira, balança as pernas, mexe com os outros, mexe nos cabelos, mexe na mochila, deixa cair o lápis, etc. Logo, logo ela tem vontade de ir ao banheiro, enfim, ela não consegue permanecer por muito tempo quieta e nem consegue se fixar no que está fazendo e nem no que o professor está explicando. Devido a esse comportamento hiperativo, a criança logo chama a atenção, porque além de não focalizar a atenção na aula, ela também consegue impedir as outras crianças de fazerem o mesmo.

A criança tem dificuldade para permanecer focada em alguma atividade por muito tempo. Não consegue se envolver em tarefas que demandam silêncio e quietude mesmo que sejam atividades de lazer. Pulando de uma coisa para outra, não consegue terminar uma brincadeira.  Ir a um restaurante ou a um evento religioso que demandam permanecer sentando, é um desafio para pais de uma criança com TDAH impulsivo/hiperativo.

A pessoa com TDAH impulsivo/hiperativo faz primeiro e pensa depois. Esse comportamento traz sérias consequências, tanto em sua vida acadêmica quanto profissional e pessoal. Ela tem dificuldade de esperar sua vez e costuma atropelar a fala dos outros. Não espera o outro terminar sua frase, interrompe e a completa. Por ser impaciente, quer terminar logo as coisas e partir para outras, principalmente se forem atividades monótonas e cansativas.

Enquanto criança, ela não consegue reconhecer esse comportamento e não compreende porque as outras crianças a tratam com hostilidade, se afastam dela e não querem inclui-la em suas brincadeiras. Assim, essa criança pode desenvolver um senso de inadequação que a acompanhará pelo resto da vida.

Conforme vai se desenvolvendo e amadurecendo a pessoa com TDAH pode reconhecer que esse comportamento incomoda as pessoas e atrapalha seus relacionamentos. Embora se arrependa do que acabou de dizer ou fazer, não consegue se controlar e evitar o mesmo comportamento em situações futuras. Na fase adulta, esses comportamentos inadequados fazem com que os pares interpretem a pessoa com TDAH como sendo mal-educada, invasiva ou egoísta.

A impulsividade traz muitos prejuízos à vida da pessoa. Tomar decisões precipitadas diante de fatos que demandam uma análise demorada e avaliação das consequências, faz com que a pessoa se arrependa amargamente de certas atitudes. Muitos pedidos de demissão e términos de relacionamentos acontecem assim. Como isso ocorre com frequência, é comum a pessoa reforçar seus sentimentos de inadequação, baixando ainda mais sua autoestima.

A pessoa com TDAH pode se interessar por uma infinidade de coisas e áreas, o que, muitas vezes, dificulta a escolha de uma profissão. É comum a pessoa se engajar de corpo e alma num determinado projeto e logo perder o interesse, abandoná-lo e partir para outro que lhe parece ser mais excitante. Muitos arrastam o curso universitário com muito sacrifício, mas acabam abandonando-o, faltando apenas terminar uma matéria ou entregar o trabalho de final de curso.

A hiperatividade é outo ponto que pode acarretar, inclusive, perigo à vida de muitas pessoas.  Atraída por situações novas e estimulantes, é comum o adulto com TDAH gostar de se aventurar por caminhos perigosos, como por exemplo, excesso de velocidade e esportes arriscados.  Muitos revelam que sentem uma espécie de frenesi quando estão dirigindo em alta velocidade. E o pior é que eles não conseguem aprender com as lições passadas.  Quedas, braços quebrados, escoriações e carros amassados são esquecidos tão logo aparecem novas situações estimulantes.

A adolescência pode trazer maiores dificuldades para o portador de TDAH, por ser um momento de transição para a vida adulta com grandes conflitos internos. Na tentativa de lidar com a insegurança, a baixa autoestima e a dificuldade de relacionamentos, muitos podem enveredar pelo caminho das drogas, o que se torna um drama a mais na vida dessas pessoas.  O tratamento precoce reduz a possibilidade desses prejuízos.

É importante ressaltar que alguns comportamentos do TDAH se apresentam também em outros transtornos. Por isso, é necessária a avaliação de um psiquiatra experiente no assunto para fazer um diagnóstico preciso.  Só ele poderá excluir manifestações de comportamentos que revelem características de oposição, desafio, hostilidade ou dificuldade de compreensão. Entretanto, é possível haver comorbidade do TDAH com outros transtornos, onde estas manifestações estão presentes, daí a importância de um diagnóstico correto.

Se você perceber alguns desses sintomas em seu comportamento, busque ajuda. Embora não exista cura para o TDAH, o tratamento adequado vai ajudá-lo a entender o transtorno e aprender técnicas para lidar com ele, minimizando os prejuízos que causa em sua vida.

 

Graça Oliveira – Psicóloga Clínica – Abordagem Cognitivo-Comportamental com ênfase em Terapia do Esquema

bottom of page