TOC - PARTE 1 - DEFINIÇÃO E CARACTERÍSTICAS
"Pensamentos que não me deixam em paz!"
O TOC (Transtorno obsessivo-compulsivo) é um transtorno de ansiedade que causa muita angustia aos portadores e pode começar muito cedo na vida de uma pessoa. Às vezes, crianças bem pequenas já apresentam sintomas do TOC. É importante que os pais saibam identificar uma tendência ansiosa em seus filhos e observem comportamentos que podem revelar sintomas de TOC para buscar ajuda o mais rapidamente possível.
O desconhecimento sobre suas manifestações, o medo dos seus sintomas e a vergonha de apresentar determinados comportamentos diante das outras pessoas e ser mal compreendido e até ridicularizado, faz com que as pessoas com TOC escondam seus sintomas por muito tempo, o que dificulta o diagnóstico e aumenta o tormento da pessoa que sofre deste transtorno.
É importante saber que existem muitos pesquisadores ao redor do mundo estudando as bases biológicas do TOC, através métodos sofisticados, como a neuroimagem, e suas relações com a hereditariedade e a neuroquímica cerebral. Assim, se você apresenta sintomas de TOC, converse com um psiquiatra e ele poderá lhe fornecer informações valiosas sobre esse transtorno que lhe ajudarão a enfrentá-lo.
Características
As principais características do TOC são as obsessões e as compulsões. Obsessões são pensamentos, impulsos ou imagens mentais indesejáveis e persistentes que invadem a consciência contra a vontade da pessoa e causam grande ansiedade e sofrimento. A pessoa resiste, tenta afastá-los, ignorá-los, mas sem sucesso. O conteúdo desses pensamentos, impulsos ou imagens incomoda o indivíduo, contrariando seus valores morais e seus desejos.
O TOC causa angústia, medo e desconforto, interfere nas atividades diárias, nas relações interpessoais ou ocupa boa parte do tempo do indivíduo. As obsessões podem atormentar a mente da pessoa através de cenas desagradáveis, palavras, frases, números ou músicas. Muitas vezes, a pessoa reconhece que tais pensamentos não têm nenhuma lógica, mas não consegue evita-los ou se livrar deles.
Geralmente a pessoa que tem TOC não conhece seus sintomas e por isso mesmo se angustia muito quando começa a ter obsessões. Ela não entende os pensamentos, imagens ou outras coisas sem sentido que passam por sua cabeça. É comum ela se sentir uma pessoa má e sentir muita culpa por esses pensamentos. Por isso, ela silencia e costuma guardar segredo sobre eles. É comum ela sentir medo de estar enlouquecendo ou de fazer algo que possa prejudicar ou ferir outra pessoa. O silêncio e o segredo impedem que a pessoa busque a ajuda necessária para amenizar o seu sofrimento. De qualquer forma, no âmago de sua angustia a pessoa busca uma forma de alívio que vem através das compulsões ou das neutralizações.
As Compulsões são comportamentos repetitivos ou atos mentais, também chamados de rituais, que a pessoa se sente compelida a executar e que devem ser rigidamente seguidos com o objetivo de obter alívio para as obsessões. Quando a pessoa executa os rituais ela sente certo alívio em relação às obsessões, mas logo em seguida os pensamentos retornam e ela novamente tem que recorrer aos rituais para obter novo alívio, o que torna a pessoa uma escrava constante do tormento do TOC.
Além das obsessões e das compulsões, a pessoa com TOC se utiliza também das Neutralizações, que são atos voluntários que têm a finalidade de suprimir, atenuar ou impedir o pensamento intrusivo, o impulso ou a imagem, ou mesmo neutralizá-los com outro pensamento ou outra ação, depois que eles acontecem. Por exemplo, se a pessoa tem a imagem de sua mãe morta num acidente, ela cria outra imagem dela própria beijando o rosto de sua mãe. Isso é uma neutralização. Ela pensa que ao criar uma imagem positiva em contraposição a uma negativa ela pode neutralizar a imagem negativa anteriormente surgida.
O TOC é muito rico em sua forma de se apresentar, por isso dividimos esse artigo em três partes. Nesta primeira parte definimos o TOC e suas características que são as compulsões, as obsessões e as neutralizações. No Artigo “TOC 2”, vamos descrever as apresentações do TOC e como as nossas crenças distorcidas potencializam nosso sofrimento em relação ao TOC. No artigo "TOC 3", falaremos sobre tratamento.
Convidamos você a empreender essa viagem conosco aos mistérios do TOC.
Graça Oliveira
Psicóloga Clínica
Abordagem Cognitivo-Comportamental/Terapia do Esquema