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TOC - PARTE 2 - APRESENTAÇÕES

             “Não! Isso também é TOC?”

 

Apresentações

 

Como dissemos no artigo anterior, o TOC tem diversas formas de se apresentar.

Elas são tão ricas e variadas que muitas pessoas desconhecem os sintomas e se

surpreendem quando descobrem que um determinado comportamento que

apresentam é uma manifestação do TOC. Cada manifestação tem seus grupos de

sintomas e o Modelo Cognitivo–comportamental tem contribuído para ajudar as

pessoas a entendê-los, enfrenta-los e controla-los. Esses sintomas estão relacionados

às crenças distorcidas que desenvolvemos a respeito da realidade. No TOC as crenças

distorcidas que estão às ligadas às obsessões são:

 

1.  Superestimar o perigo e o risco

A pessoa superestima a probabilidade de adoecer ou de se contaminar com germes,

bactérias, radiações, sangue, etc. Sendo assim, o foco dos pensamentos da pessoa está

direcionando para o perigo e ela passa a apresentar os comportamentos (compulsões)

de Lavagens Excessivas e Evitações.

  • Lavagens excessivas – a pessoa se preocupa excessivamente com limpeza, toma banhos repetidos e demorados, lava exageradamente as mãos e roupas, etc.

  •  Evitações – a pessoa evita objetos (corrimãos, botões de elevador, lençóis de hotéis, etc.), locais e situações (banheiros e transportes e públicos, hospitais, cemitérios, praças públicas, etc.), pessoas (cumprimentar, olhar, chegar perto de pessoas com ferimentos, com curativos, com HIV, etc.).

 

2. Excesso de Responsabilidade

A pessoa acredita que tem uma grande responsabilidade em prevenir e evitar danos

futuros irreparáveis para si ou para outras pessoas. Em função dessa crença, se

acentuam os pensamentos obsessivos de dúvidas e as verificações compulsivas.

  •  Dúvidas – A pessoa desenvolve dúvidas obsessivas relacionadas à possibilidade de ter cometido ou vir a cometer alguma falha que possa ter consequências catastróficas. Por exemplo, sobre se fechou a porta ao sair para o trabalho ou se atropelou alguém durante o trajeto.

  •  Verificações – A dúvida obsessiva se cometeu ou não a falha, leva a pessoa às verificações, que são compulsões ou rituais comportamentais que ao serem realizados trazem um alívio imediato à ansiedade, mas logo depois, a dúvida retorna e a pessoa sente a necessidade de repetir a verificação e tudo recomeça. A pessoa volta a casa varias vezes para ver se fechou realmente a porta e passa várias vezes pelo mesmo local para ter certeza de que não atropelou ninguém.

 

3. Valorização excessiva do poder do pensamento e a necessidade de controla-los

Todas as pessoas têm pensamentos estranhos, desagradáveis ou ruins de vez em

quando, e eles desaparecem espontaneamente quando as pessoas não lhe dão

importância. Mas a pessoa com TOC sofre muito com alguns pensamentos impróprios

que passam por sua mente, sentindo que precisa controlá-los. Ela sente ansiedade,

medo e vergonha porque pensa que é moralmente responsável por eles, que pode vir

a cometê-los e que será castigada por isso. Lembre-se: pensar é uma coisa; fazer é

outra! Nesta modalidade os pensamentos involuntários envolvem temas como

agressão ou violência, sexo, religião (blasfêmia).

  • Pensamentos impróprios – são obsessões com temas que envolvem agressão (ofender ou ferir alguém ou animal, etc.), sexo (olhar fixamente para os órgãos genitais das outras pessoas; questionar a própria orientação sexual, etc.), religião (impulso de dizer obscenidades ou palavrões durante a missa; ofender a Deus, etc.).

 

4. Perfeccionismo

Neste tipo de crença a pessoa atua em termos de colocar as coisas sempre “certas” em se preocupa em estar tudo sempre “direito”. Ela sente um desconforto quando as coisas não estão certinhas e alinhadas perfeitamente em seus lugares. Sendo assim, as coisas que não estão exatamente em ordem, no lugar, ajustadas, equilibradas, etc., passam a chamar sua atenção e a incomodá-la profundamente e ela desenvolve as seguintes compulsões:

  •  Ordem – exemplo: colocar as roupas no guarda-roupa arrumadas por cores.

  •  Simetria – exemplo: ajustar a cadeira dentro do quadrado exato do piso da cozinha.

  •  Sequência – exemplo: arrumar os livros na estante por ordem alfabética.

  • Alinhamento – exemplo: alinhar os quadros milimetricamente na parede.

 

5. Intolerância à incerteza

A dificuldade de conviver com as incertezas da vida leva a pessoa a um permanente estado de angústia, de dúvida, de indecisão, a demora excessiva na realização de tarefas. A crença está associada ao medo de vir a precisar de algo no futuro. Por isso, a pessoa pensa que precisa se prevenir para qualquer eventualidade. As crenças distorcidas são do tipo: “Isto pode ser útil no futuro”; Se eu jogar isso fora, posso precisar algum dia”; “Se eu precisar, talvez não encontre outro”. Elas acentuam os pensamentos obsessivos da pessoa com a forma de TOC conhecida como Acumulação Compulsiva.

 

  • Acumulação Compulsiva – as dúvidas obsessivas relacionadas ao medo de vir a necessitar de alguma coisa no futuro leva a pessoa à compulsão de guardar diversos tipos de objetos que não tem utilidade prática ou valor emocional. Assim, é comum pessoas guardarem os mais diferentes tipos de objetos, como caixas de sapatos ou ovos, jornais, contas velhas, receitas, remédios vencidos, vidros de shampoos, entre outros.

 

Todas essas modalidades de TOC trazem grande sofrimento para a pessoa e causam mal-estar e desentendimentos familiares tanto pelo transtorno em si, como pelo desconhecimento do quadro clínico e pelo desespero de não saber como lidar com ele.

 

No artigo 3,  nós vamos falar sobre o tratamento para o TOC.

 

Se você apresenta algum dos sintomas descritos neste artigo, entre em contato

conosco. Teremos grande prazer em atendê-lo.

Graça Oliveira

Psicóloga Clínica

Abordagem Cognitivo-Comportamental

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